27 de outubro de 2011

#24




Outubro, domingo 16 , pela 24ª vez em minha humilde vida foi dia de comemorar mais uma primavera (literalmente). Sempre nessa época do ano eu me afogo e encalho no fundo de meus próprios sentimentos; entre todas as memórias do passado e suas sensações correspondentes; monto uma balança mental entre erros e acertos para medir como resultaram as atitudes por mim tomadas. Mesmo tendo tão pouca idade, se comparada aos meus pais, avós, e tias, sinto que sim, tenho muito já o que ponderar.

Aos 24 anos de idade minha mãe já era minha mãe. Minhas avós já tinham mais de 4 filhos cada. Mozart já tinha composto grande parte de seus sucessos. Dom Pedro I já havia declarado a Independência do Brasil. Machado de Assis já era uma personalidade considerada entre as rodas culturais da sociedade carioca. Pablo Ruiz y Picasso já assinava suas obras com um simples “Picasso”. Frida Kahlo já era casada com Diego Rivera. Clarice Lispector já tinha publicado “Perto do coração selvagem”. Senna já era piloto da Fórumula 1. E eu? O que o eu faço/sou/desenvolvo em plenos 24 anos de idade? Dizem que não devemos nos comparar com ninguém nesse mundo, que cada ser é um indivíduo único e especial. Mas quem acalma os anseios daqueles que não cabem em si e querem transbordar a todo custo?

Não sei se a melancolia que me abate sempre no mês de outubro é causada pelo tão famigerado “inferno astral” ou se dessa vez é ainda reflexo da readaptação aos velhos costumes e lugares (outubro do ano passado eu tinha também acabado de me mudar pra Alemanha). Não paro de pensar se optei pelos caminhos certos, se x era de fato melhor que y. É muita informação, escolha, gente opinando em nossa vida. Aconselhando para o bem ou para o mal; e mal sabem eles as interferências perigosas que causam na vida da gente. Bom seria se eu não me importasse, mas não é o que acontece. Libriana em demasia como sou, sofro das angustias de quem não tem nunca certeza entre as opções que escolhe.

Não sonho em fazer nada grandioso como ganhar um Nobel ou viajar pra lua. Essas sandices já abandonei na infância. Mas temo não viver os sonhos que poderiam sim tornar-se realidade, ou chorar pelo passado esquecendo-se do presente, ou muito planejar o futuro e não colocar em prática nada que me ajude à chegar lá. Isso me dá medo. Viver sem ver a vida passar. Me ocupar com a presença das ausências e nunca por completo ser ou estar. 

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