Outubro, domingo 16 , pela 24ª vez em minha humilde vida foi dia de comemorar mais uma primavera
(literalmente). Sempre nessa época do ano eu me afogo e encalho no fundo de
meus próprios sentimentos; entre todas as memórias do passado e suas sensações
correspondentes; monto uma balança mental entre erros e acertos para medir como
resultaram as atitudes por mim tomadas. Mesmo tendo tão pouca idade, se
comparada aos meus pais, avós, e tias, sinto que sim, tenho muito já o que ponderar.
Aos
24 anos de idade minha mãe já era minha mãe. Minhas avós já tinham mais de 4
filhos cada. Mozart já tinha composto grande parte de seus sucessos. Dom Pedro
I já havia declarado a Independência do Brasil. Machado de Assis já era uma
personalidade considerada entre as rodas culturais da sociedade
carioca. Pablo Ruiz y Picasso já assinava suas obras com um simples
“Picasso”. Frida Kahlo já era casada com Diego Rivera. Clarice Lispector já
tinha publicado “Perto do coração selvagem”. Senna já era piloto da Fórumula 1.
E eu? O que o eu faço/sou/desenvolvo em plenos 24 anos de idade? Dizem que não
devemos nos comparar com ninguém nesse mundo, que cada ser é um indivíduo único
e especial. Mas quem acalma os anseios daqueles que não cabem em si e querem
transbordar a todo custo?
Não
sei se a melancolia que me abate sempre no mês de outubro é causada pelo tão
famigerado “inferno astral” ou se dessa vez é ainda reflexo da readaptação aos
velhos costumes e lugares (outubro do ano passado eu tinha também acabado de me
mudar pra Alemanha). Não paro de pensar se optei pelos caminhos
certos, se x era de fato melhor que y. É muita informação, escolha, gente
opinando em nossa vida. Aconselhando para o bem ou para o mal; e mal sabem eles
as interferências perigosas que causam na vida da gente. Bom seria se eu não me
importasse, mas não é o que acontece. Libriana em demasia como sou, sofro das
angustias de quem não tem nunca certeza entre as opções que escolhe.
Não sonho em fazer nada
grandioso como ganhar um Nobel ou viajar pra lua. Essas sandices já abandonei na
infância. Mas temo não viver os sonhos que poderiam sim tornar-se realidade, ou
chorar pelo passado esquecendo-se do presente, ou muito planejar o futuro e não
colocar em prática nada que me ajude à chegar lá. Isso me dá medo. Viver sem
ver a vida passar. Me ocupar com a presença das ausências e nunca por completo ser
ou estar.
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