1 de setembro de 2011

#não-vi


Desde que se lançou com cantora, em 2003, Maria Rita caiu nas graças da crítica brasileira e latino-americana por trazer esperança e um novo sopro à indústria fonográfica do continente. Porém, as comparações feitas entre ela e sua mãe, ou ela e outras mulheres mais magras e sensuais, foram uma tormenta no começo da carreira da cantora.

Foi uma criança tímida, como todas as outras, mas podemos tratar com normalidade ter sido gerada por uma das intérpretes de maior talento que o Brasil já teve, ser afilhada de Milton Nascimento e ter um pai com o currículo musical que tem? Estudou por oito anos nos Estados Unidos, exatamente naquela fase da vida em que, nós depois dos 20 sabemos bem como é. A transformação de aborrecente para jovem. Tudo que desejamos nessa faixa etária é a distância da família, galgar nossos próprios passos. Porém mais tarde, entre erros e acertos, olhamos para trás pensando “como eu fui tão infantil?”. Paciência. Faz parte do caminho de muitos, famosos ou não.

Maria Rita Costa Camargo Mariano tem sobrenome, e muitos. Infelizmente ele pesa muitas vezes na busca pelo sucesso profissional, e sem certos contatos, iniciar uma carreira, seja a área que for, pode ser tarefa penosa. Com Maria Rita não seria diferente, caso escolhesse seguir a mesma carreira da mãe. E dentre todas as profissões no mundo, foi justamente ao chamado artístico que ela atendeu. Nas palavras da mesma: “Sempre quis cantar. Mas a questão não era querer. Era por quê. Não gosto de fazer nada sem ter um porquê. Fica mais fácil quando você tem um objetivo, uma meta. O motivo passou a existir quando percebi que ficaria louca se não cantasse”.


Sábado à noite fui ao show da artista acompanhada de bons drink amigos, que aconteceu aqui em Florianópolis. Samba, drama e muita presença em palco, marcaram a noite maravilhosa. Após as duas músicas introdutórias, Maria Rita conversou conosco, o público, agradecendo pela nossa coragem e fé na artista, por terem confiado em ir à um show sem título. “Um show que não é de DVD, de CD, nem cenário tem...” foram as palavras dela. Ela queria ficar livre para passear por canções que à tempos que não apresentava. Djavan, Milton, Rita Lee, Lenine, O Rappa e todos os compositores sambistas fizeram parte do repertório que combinava alegria e dor entre uma música e outra.

Eu praticamente não pisquei por duas horas. Infelizmente não estava em frente ao palco, como adoro ficar, pois existe uma máfia entre as casas noturnas de Floripa que impede uma estudante de classe média sentar entre a elite manezinha que pode dar-se ao luxo de pagar R$200,00 por um ingresso. Mas mesmo assim, como estes ficaram imóveis durante todo o tempo, pude ter uma visão privilegiada do palco, já que estava rente à divisória. Fãs e mais fãs espremidos ao fundo do local do evento, por não poderem pagar. Uma verdadeira lástima.

Sem sobra de dúvidas (sim lindas, é sobra e não sombra como todas fala) Maria Rita destaca-se no cenário musical por mérito próprio. É inevitável compará-la com a mãe, mas creio que até ela tenha consciência de que as semelhanças são muitas e deve entender isto como elogio.
Ela brilha no palco, encanta e envolve, como sabemos que a grande “Pimentinha” também o fazia. Por isso agradeço à Elis por ter deixado uma semente nesse mundo que nos supra a falta que ela tanto faz.

Não vi Elis, mas vi Maria.


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