não, não vou falar sobre tensão pré-menstrual, nem da dita propriamente, que transforma uma semana do nosso mês, todos os meses, terrivelmente chata tanto para nós, mulheres, quanto para os pobres infelizes que nos rodeiam. quero falar sobre um sofrimento agoniante que sinto “naqueles dias” por muitos dias, quase todo dia, há alguns dias.
"aqueles dias" são dias sem sol, sem sal, dias que o dia passa e só se nota quando ao olhar o relógio o dia já é noite e nada foi feito. é dez da manhã, logo já é quatro da tarde, e meia noite você tem que ir dormir pois trabalha no dia seguinte. e o dia seguinte é igual. e depois também. e o dia que segue não muda.
aqueles dias têm trilha sonora própria. você não consegue ouvir nada que não seja triste, lento, ou com muita dor expressa na letra, pois existe na dor da música uma compaixão com a sua; é um pesar que ao ser compartilhado alivia a aflição do próximo.
aqueles dias não têm ele, nem ela, nem ninguém que te faça sorrir. todo dia como aqueles, é um domingo chuvoso, tedioso e sem comida da vó.
aqueles dias pedem contemplação, reflexão, minutos a fio olhando fixamente para as paredes da casa, as árvores da rua, ou o céu pela janela do quarto - que só é avistado de um único ponto quando você está deitada sobre sua cama.
aqueles dias carregam angustias, mas também libertam lágrimas.
são aqueles dias de frio com quarenta graus. de chuva dentro do mar. dias cheio de apetite após as refeições. dias que só fazem sentido após uma grande perda, ou quando antecedem grandes momentos de decisão. são dias que não existem por si só.
dias comos estes pesam, cansam. minha esperança é que dias assim passam. se não passarem também não faz mal, pois para aqueles dias sempre existem outros dias. deixar aqueles dias sangrar até secar ressuscita de alguma maneira e revigora, pois são dias e dias como aqueles... mas há outros... ainda bem que existem também os outros....
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