17 de julho de 2011

#formou


Ontem fui prestigiar a formatura dos meus grandes amigos aqui de Weingarten.  Essa turma linda e animada aí da foto (os 5 da frente).  Bom, formatura não, que aqui não tem esse nome. Se chama “festa-pós-exames-finais”, mas vou usar a nossa palavra que é mais simples.

A cerimônia de formatura é muito diferente das que temos no Brasil. A começar pelo não uso de roupas especiais, ou nada que identifique os formandos. Perguntei se isso é assim só aqui ou por toda a Alemanha, me disseram que em poucos lugares, apenas nas maiores universidades do país, eles fazem cerimônias como aquelas de filmes norte-americanos, mas são poucas. Esse ano eles inovaram, por influência do meu amigo Felix, que teve a ideia de todos usarem um chapéu parecido com aqueles do filme do Harry Potter. Ainda no âmbito vestuário, o mais chique que vi foi um salto super alto de uma das formandas e um tubinho preto. A maioria vestia roupas normais, vindos do trabalho, ou com a maquiagem um pouco mais caprichada e acessórios brilhantes. Nada além disso. Sem aquele estresse de penteados melados com gel, vestidos caros e pés esmagados em sapatos finos e opressores!

Achei fantástico que tudo não durou mais de duas horas. O falatório foi mínimo. O pró-reitor falou, a reitora, quatro prêmios foram entregues - aos trabalhos finais com maiores notas-, o mestre de cerimônias era um dos formandos, teve a fala (hilária) do orador, que em seu discurso  lavou a alma por todos que estavam à beira da loucura devido aos exames finais e entre tudo isso deu tempo para intercalar apresentações de dança, piano, música e teatro, todas executadas pelos estudantes da faculdade. Os organizadores da noite foram também os próprios formandos, inclusive uma das meninas que mora no meu apartamento (aliás ela ganhou um daqueles prêmios que citei, pelo excelente trabalho final. Algo sobre a prática de esporte na escola). Eles não ganham o diploma na hora em cima do palco, como nós, se pega na secretaria, no mesmo dia, ou antes. Por isso a agilidade no processo.
Enquanto tudo acontecia as pessoas podiam se servir de pró-seco, suco, cerveja, tudo à vontade (bastava pagar, claro). Nada de bebidas alcoólicas probidas, e mais, quem vendia era o AsTa, a entidade representante dos estudantes, dentro da faculdade, diferente da nossa realidade nas universidades brasileiras, cuja venda de bebidas alcoólicas pelos DCEs se não acontece de forma ilegal, não acontece de jeito nenhum. Ao fim de tudo, um coquetel foi servido (de graça para a minha felicidade) à todos os presentes. Comi folhado e quase chorei, pois nunca encontro para comprar nas padarias (não se esqueça, eu sou gorda!). Tudo muito bom, música ao vivo, gente fotagrafando para todos os lados, ninguém chorando desesperada porque acabou o curso, fui então me informar sobre quanto custou à cada formando a tal festa e – pasmem – custou 3 euros. Vou repetir. Custou a quantia absurda de três euros para cada um ter o momento oficial de encerramento do magistério. Bom, também não teve baile depois, de ninguém. Cada um foi para casa, beber (com certeza) com amigos ou familiares.

Falando nisso, aqui em Bade-Württemberg estão todas as escolas de ensino superior especializadas em magistério na Alemanha. Elas não são  universidades, mas tem também a função de formar professores para as escolas do país inteiro. Eles se formam em três cursos ao mesmo tempo. Exemplo: matemática, religião e ed. Física, ou; artes, alemão e química. E poderão exercer a profissão das três matérias. Para formar-se basta passar com notas acima da médias nas provas finais, que são escritas e orais (tenso). Se você não atinge a nota necessária (o um aqui é o dez para nós no Brasil) tem apenas uma chance no semestre seguinte para refazer as provas. Se falhar novamente, deve escolher outro curso ou carreira para fazer (eu disse que era tenso).

Ao longo da noite eu fui relembrando da minha formatura, na UFSC (Federal de Santa Catarina). Lembrei de cada um dos meus colegas, dos professores, de tudo que passei no curso até chegar ao intercâmbio. Os alemães adoram tradições, festas centenárias, mas o fim do curso não é uma delas. Não sei se somos nós que exageramos e damos valor de mais à este momento ou se eles se importam de menos. Fica o questionamento no ar. Quanto à mim, estou refletindo agora se de fato aquela pompa toda foi necessária. Precisamos provar pra que, ou melhor, para quem, que somos capazes de concluir um curso superior? E você o que prefere, o jeito brasileiro de celebrar ou como os alemães? 

2 comentários:

  1. Prefiro a maneira alemã de celebrar a formatura. Quando me formei a turma toda escolheu um traje RIDÍCULO para vestir, fui contra, malharam o pau em mim....mas me recusei a usar aquilo. Fui de uma maneira mais "minha" e muito mais bem vestido que a minha turma. Como não posso ser "eu mesmo" no MEU dia? No dia em que comemoro o MEU esforço? Os MEUS estudos? Gostei muito dessa maneira, simples, alegre e barata! Já gastamos milhares de reais com estudo, para que gastar tanto com aluguéis de roupas, comida, decoracao, etc., se a única coisa que importa é a comemoração com os amigos e familiares??

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  2. que absurdo! é uma máquina de fazer dinheiro, como tantas outras celebrações que viraram exploração de felicidade para venda!

    pois minha gente, nossa felicidades deve ser vivida e não envitrinada!

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