Se você aí que me lê é da geração TV Colosso, já pescou sobre o que é o post de hoje! Comida!! Preciso esclarecer que o alemão não vive só de chucrute e batata, como todos pensam, mas pratos que envolvam esses dois são de fato bem típicos por aqui. Esses ingredientes são históricos na culinária germânica, nas épocas de guerra e entre elas, a batata, o pão, o chucrute (repolho fermentado em conserva) e a carne de porco, foram basicamente os únicos elementos presentes na alimentação desse povo, pois tinham fácil preparo e acesso. Mas hoje, depois de muita luta e trabalho, o tempo das vacas magras passou, e a culinária alemã é uma das mais tradicionais e famosas do mundo.
Viajando pelo sul da Alemanha, tomando café da manhã em hostels, padarias e compartilhando um apartamento com três alemãs, pude notar como o pão é um elemento fundamental no cotidiano dessa gente. As variadades pelo país chegam a 1200 tipos. Nos mercados a gente pode se servir sozinho dos pãezinhos que preferir. Para um turista ou estudante estrangeiro é um verdadeiro baque, mas logo nos acostumamos à tarefa árdua de ter que a cada dia experimentar um pãozinho novo. Até eu já me arrisquei na cozinha e fiz um pão de atum semana passada, influenciada pela mãe de um amigo que fez, e eu além de experimentar precisava pegar a receita, pois era muito gostoso. Ela me deu a lista dos ingredientes em um lindo envelope dizendo “leve a ideia consigo ao Brasil”. Com certeza, farei novamente.
Existe uma preferência nas padarias por pães e bolos doces, mas é um doce diferente do nosso, não tão açucarado. Há pães feitos com todos os ingredientes que você possa imaginar, e isso em padarias comuns e pequenas, como as daqui de Weingarten. Eu moro ao lado de uma, se chama “Frick”, o prédio onde moro é dessa família. A padaria tem “apenas” 180 anos de existência. As receitas foram passadas de geração para geração, dá até outro sabor à comida quando se come conhecendo a história de um local assim.
Mas claro que eles não comem pão seco, né minha gente! O pão é acompanhado de frios e geleias. Para quem gosta, existem infinidades de frutinhas silvestres que no Brasil não há, logo, infinitos sabores de geleia (essa nova ortografia tá de sacanagem né!?). Eu prefiro um acompanhamento salgado, que vai de um bom molho até as mortadelas italianas. Apesar de tudo ser muito fresco e saboroso, eu não consegui me habituar ao fato de que eles não almoçam como nós. Os cafés da manhã abastados dão a deixa para pequenos lanches ao longo do dia, e às dezoito horas a maioria das pessoas está em casa jantando. Desde os tempos de escola eles são programados com outros horários que nós, e isso segue ao longo da vida. Minhas colegas de casa vivem a me espiar na cozinha, pois eu almoço mais tardar às treze horas, todos os dias, e claro, elas sabem que a cada refeição algo bom surgirá.
Apesar da Alemanha ser um país perfeito para um vegetariano viver, pois os produtos bios e veggies tem um espaço enorme nos mercados e também entre os consumidores, dentro da Alemanha há também espaço para as salsicharias famosas. A salsicha, como uma vez contei à você, não é simplesmente como a nossa. São 1500 tipos diferentes. Dos mais variados sabores, para as mais diversas ocasiões. A carne de porco em geral, como disse no começo, é a preferência número um. E isso se nota nos pratos dos restaurantes ou mesmo no valor da carne no mercado. Não há açougue como os do Brasil. São espécies de lojas de carnes, cuja carne é em sua maioria de porco, vitela e frango. O alemão quando vai ao Brasil, fica além de encantado com as belezas naturais, espantado com o tanto de comida que consumimos e desperdiçamos.
Apesar de todas as diferenças que existem entre nós, não pense que nossa culinária está longe de ter sofrido influências germânicas. Você já comeu uma cuca? Sabe de onde vem esse nome? Bolo em alemão chama-se “Kuchen”, e é isso que uma cuca é, um bolo simples feito de massa de pão ou de bolo mesmo, cuja receita foi introduzida pelos imigrantes no século 19, em sua maioria no sul do Brasil. O repolho cozido acompanhado de joelho de porco também é bem apreciado em várias localidades brasileiras. Fora os prato típicos que se comem durante as festas de outubro no sul do país.
Aqui aprendi a fazer dois pratos conhecidos da região de Baden-Württemberg, onde vivo. O Käsespätzle que é acompanhado por cebola, bacon e queijo (um tipo de macarrão, tenho até o utensílio para fazer) e o Zwiebelkuchen que é um belo bolo de cebola (basta clicar nos nomes para gerar as respectivas imagens). Saber cozinhar não é apenas uma arte, é uma necessidade. Além de poder ser um momento desestressante durante o seu dia. (coloquei as receitas aqui no blog também , clique aqui )
Enfim, acho melhor terminar logo, antes que todos tenhamos o apetite alvoraçado!
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