19 de dezembro de 2010

#ensinarpoesiaéisso



ensinar poesia é isso...
é poder mostrar para as pessoas
já desde a pouca idade
que existem outras maneiras
de se enxergar a vida, os objetos
aquele que passa, brincar com o verbo.
Não deixar que esse nutriente da alma falte 
é função nossa, professores e professoras.

Nossa.


e hoje também aqui é domingo... mas não está quente.

16 de dezembro de 2010

#épocaderessurreição

Quem Morre?
Por Pablo Neruda

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. 

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos sobre os “is” em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.



Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se da sua má sorte ou da chuva incessante.

Morre lentamente, quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, não pergunta sobre um assunto que desconhece ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.

8 de dezembro de 2010

#EspíritoNatalino

Sempre lutei muito contra a tradição natalina que fortemente é celebrada em minha família. Na adolescência [não faz muito tempo] fiz cenas, caras e bocas, querendo me contrapor a todo custo ao sentimento de graças ao ano que passou e pela família estar reunida ao redor da mesa posta.
Foram muitas as vezes que, com os olhos marejados, eu não queria aceitar o presente momento. Não queria ser abraçada, muito menos compartilhar qualquer sentimento de felicidade, pois justamente era o oposto que eu sentia.
Aqui na Alemanha as pessoas são tão ligadas à esses costumes e tradições que em todas as casas [menos nas chamadas repúblicas] tem enfeites natalinos e ornamentos com as velas do Advento. Se comemora mesmo o Natal aqui. Todas as cidades tem em seu centro uma Feira de Natal, com comidas típicas, artesanatos locais, e muito quentão Todas tem também uma grande árvore de natal, Papai Noel todos os dias distribuindo frutas e doces para as pessoas, e claro, muito marketing natalino barato por conta das lojas tentando vender o máximo que podem até dia 25.
Há duas semanas os estudantes intercambistas de Weingarten se reuniram para um jantar de natal. Estava bem até o momento de chegada, mas de repente o nó na garganta foi tamanho que após fazer minha refeição, saí correndo do prédio antes que começasse a chorar em frente a todos. Que lágrimas são essas? Eu me perguntava no caminho para casa. Por que estou chorando? Será que eu odeio o natal tanto assim que, nem longe de toda a pieguisse familiar eu não consigo me livrar das minhas cenas bregas?
Eu realmente não sei responder. Freud diria que algum natal em família durante minha infância me traumatizou. Talvez seja isso. Não quero acreditar que eu sou um tipo de Grinch. Me recuso a dizer que me arrependo de todas as tolices que fiz nos natais passados. Nada acontece por acaso, por isso, esse será mais um ano agoniando para que passem logo todas as festas comemorativas e 2011 traga melhores surpresas do que 2010 pôde me oferecer.
Eu sou grata sim pela minha família, a tudo que me acontece. Também rezo para que exista paz no mundo e nenhuma criança do planeta passe fome! Mas não quero externar um sentimento que não existe dentro de mim. Não sou uma natal-hipócrita. Por tanto, fim. Simples assim, sem nenhuma mensagem tosca e vazia.
.

3 de dezembro de 2010

#67dias-aqui

sabe, muitas pessoas perguntam se existe amor a primeira vista.
mas a pergunta que nunca fazem é: existe amizade a primeira vista?

semana passada paguei um Kebab à um amigo alemão.
ele não queria aceitar de jeito nenhum. estava sem dinheiro, mas não pude comer vendo um colega não comer por falta de moedas, portanto paguei para ele.



ontem, enquanto caminhávamos após o a apresentação da banda dele em um show de talentos, ele me deu seu par de luvas quando eu disse que não tinha ainda comprado um para mim.
ele me deu o seu par de luvas.
as luvas que ele estava usando.
após 15 minutos de caminhada, eu quis devolvê-las , mas ele não aceitou, disse que era pelo Kebab e que agora estávamos quites.

será que posso dizer que nasceu entre nós uma amizade?
a amizade? aquela verdadeira amizade? sem intenções inescrupulosas por trás? o que é amizade aliás?

não sei responder, mas sei sentir. e sinto que sim, tenho enfim um amigo em Weingarten.
alguém que zela por mim.