8 de dezembro de 2010

#EspíritoNatalino

Sempre lutei muito contra a tradição natalina que fortemente é celebrada em minha família. Na adolescência [não faz muito tempo] fiz cenas, caras e bocas, querendo me contrapor a todo custo ao sentimento de graças ao ano que passou e pela família estar reunida ao redor da mesa posta.
Foram muitas as vezes que, com os olhos marejados, eu não queria aceitar o presente momento. Não queria ser abraçada, muito menos compartilhar qualquer sentimento de felicidade, pois justamente era o oposto que eu sentia.
Aqui na Alemanha as pessoas são tão ligadas à esses costumes e tradições que em todas as casas [menos nas chamadas repúblicas] tem enfeites natalinos e ornamentos com as velas do Advento. Se comemora mesmo o Natal aqui. Todas as cidades tem em seu centro uma Feira de Natal, com comidas típicas, artesanatos locais, e muito quentão Todas tem também uma grande árvore de natal, Papai Noel todos os dias distribuindo frutas e doces para as pessoas, e claro, muito marketing natalino barato por conta das lojas tentando vender o máximo que podem até dia 25.
Há duas semanas os estudantes intercambistas de Weingarten se reuniram para um jantar de natal. Estava bem até o momento de chegada, mas de repente o nó na garganta foi tamanho que após fazer minha refeição, saí correndo do prédio antes que começasse a chorar em frente a todos. Que lágrimas são essas? Eu me perguntava no caminho para casa. Por que estou chorando? Será que eu odeio o natal tanto assim que, nem longe de toda a pieguisse familiar eu não consigo me livrar das minhas cenas bregas?
Eu realmente não sei responder. Freud diria que algum natal em família durante minha infância me traumatizou. Talvez seja isso. Não quero acreditar que eu sou um tipo de Grinch. Me recuso a dizer que me arrependo de todas as tolices que fiz nos natais passados. Nada acontece por acaso, por isso, esse será mais um ano agoniando para que passem logo todas as festas comemorativas e 2011 traga melhores surpresas do que 2010 pôde me oferecer.
Eu sou grata sim pela minha família, a tudo que me acontece. Também rezo para que exista paz no mundo e nenhuma criança do planeta passe fome! Mas não quero externar um sentimento que não existe dentro de mim. Não sou uma natal-hipócrita. Por tanto, fim. Simples assim, sem nenhuma mensagem tosca e vazia.
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6 comentários:

  1. Sou desses também! É muito engraçado como as pessoas simplesmente querem esquecer de tudo o que se passa apenas na mesa em que jaz o peru. É muita hipocrizia mesmo... No outro dia se levanta e ainda está feliz, mas no outro já não mais. Ah, mas no dia 31 também é uma choradeira que só, um tal de se arrepender, um tal de mea culpae, mas no dia 01 isso tudo passa. E tudo isso por quê? Porque ainda estamos com os pés arraigados na tradição, no sistema, naquilo que nos prende ao "sangue velho dos avós". Esperamos que um dia isso tudo mude, mas para isso precisamos de mais investimentos no fomento à inteligência!

    Beijos, saudosos!

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  2. Bom! Deixando a pieguice de lado, o que é o natal?

    Acho que é apenas um momento de confraternização de amor e de carinho entre as pessoas. (tão em falta nos dias atuais)Pode ser entre a família entre amigos ou até mesmo entre estranhos.

    Acho que você está sendo muito rígida com sigo.

    Se você pode sentar numa mesa de bar e beber com os amigos e celebrar uma defesa de TCC, por exemplo, no fundo você esta celebrando a vida.

    O natal acho que é isso também celebração da vida, da amizade , e se pode ser celebrado em família melhor, caso não, pode ser entre amigos ou ainda se não tem amigos, pode ser entre estranhos mesmo.

    Ou se nao quer celebrar tudo bem mais quando isso vira um problema....

    Acho que a leveza é a melhor maneira de encarar os traumas, seja, mais leve...beijo e Feliz Natal rsrsrsrsr....

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  3. Legal pensar sobre a pieguice e a tradição... É legal que possamos nos ver entre o brega, o exótico, o familiar, o desconhecido, a tradição e a contemporaneidade... perceber que somos tudo isso. Sem um único lado, uma única forma, um único jeito de ser, mas múltiplos em nós mesmos. Legal perceber que esse múltiplo "nós" se desdobra em todos os outros a nossa volta. Essa percepção de tantas diferenças e diferentes pode amenizar a crítica e a autocrítica, o julgamento dos outros a partir dos nossos parâmetros.Tudo isso para pensar que talvez o natal que a gente não gosta é esse do comércio e da midiatização das imagens, seja do Noel, do Grinch ou do peru. O fato de não gostar disso não significa trauma nem anormalidade. Não precisas te apegar a outra tradição, a do trauma, para justificar o que sentes. Vai ver o que te assusta continua contigo e talvez não seja o Natal... Mas sobre isso só tu podes pensar...
    Detesto muita coisa do Natal, mas me conforta saber que muitos/as, ao seu modo, aproveitam a data para manifestar o cuidado com o outro, o afeto acompanhado por uma comida, por exemplo... É mais uma possibilidade de encontro, especialmente conosco, como tantas outras que a vida nos brinda. Beijos pascoalinos... rsrsrs (Páscoa pode???!!!)
    P.s.: Panettone é bom!! Logo, logo, vou publicar a receita.

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  4. não, acho que os capitalistas conseguiram acabar com todas as celebrações antigas! :p

    falando sério, como pode uma criança que sempre foi amada, ganhou presentes e teve natais em família simplesmente detestar o natal né?

    é poder do Grinch... tô dizendo...

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  5. Só o fato de o NATAL te fazer refletir e escrever sobre ele, já é interagir nele, alguns compram presentes, outros fazem caridade, outros vivem a fé, e outros escrevem. Coisas boas e ruins estão em tudo e em todos os lugares, mas é importante saber que somente e unicamente nós é quem podemos viver e estar bem em cada momento, cada lugar, cada comemoração, e o melhor mesmo é estar por inteiro sempre, sem se preocupar tanto e da forma que escolhemos viver esse momento... para sermos felizes, pois isso é que importa.....

    beijos..

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  6. Sou bem assim também, teve um momento da minha vida em que eu achava até legal as reuniões em família, o jantar, esperar até a meia noite e tal. Mas daí a coisa começou a ficar mais profunda, passei a perceber os motivos das reuniões, descobri que era pura formalidade. Não é que não gosto do Natal pelo lado social, tem o lado capitalista e mesquinho, mas isso não me importa. O que me incomoda mesmo é a hipocrisia, que está enraizada até o fundo das nossas almas - no Natal as coisas mudam? Que mágica natalina é essa que deixam as pessoas boazinhas de um dia para o outro? Como quase tudo na minha vida, descobri que o Natal também era falso, tudo foi desmoronando até sobrar quem eu sou. Neste Natal as coisas foram diferentes, quero que tudo seja melhor pra minha sobrinha, não quero que ela olhe ao seu redor e perceba que aquilo é um grande cenário. Talvez o Natal seja somente o símbolo disso, um renascer, uma descoberta, um acordar para as coisas que realmente importam. Beijos...Cy

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