28 de julho de 2011

#in.memoriam

 (texto escrito inicialmente ao blog da Camila Paier)

Essa coluna semanal é sobre a Alemanha, mas como sou muito fã do trabalho da Amy Winehouse, não consigo pensar em mais nada para escrever hoje, portanto, farei um link entre os dois. Vou descrever como foi a repecussão da morte dela por aqui.

Os noticiários alemães estão bem mais focados em cobrir os acontecimentos na Noruega, por questões de política e segurança que se relacionam muito mais com a Alemanha, do que a morte da cantora. Mesmo assim o ocorrido em Londres foi também bastante comentado.

A maioria dos canais televisivos e revistas, de maneira geral, cobriu a morte dela como a imprensa brasileira. Um diferencial que percebi foi um artigo comentando sobre a luta da cantora contra a depressão e bulimia. No Brasil preferem atacar somente o uso das drogas.

ninguém queria olhar para a câmera

A revista Der Spiegel, uma das mais conceituadas da Alemanha e super conservadora também, praticamente uma VEJA, é a que traz mais artigos em seu site. Comentam toda a trajetória artística e pessoal de Amy, pontos altos e falhas, muitas fotos e, ao mesmo tempo que elevam sua imagem à diva, escrevem sobre a vida dividida entre os palcos e as drogas, de maneira bem taxativa pregam contra o uso de substâncias ilícitas.

A revista Focus, que tem a capa igual a Época, traz o título “Bem-vinda ao clube dos 27” em eu artigo principal, uma alusão aos outros famosos e conturbados artistas que morreram na idade dos 27 anos, como vocês com certeza já leram por aí. Janis Joplin, Jimi Hendrix, Kurt Cobain e outros tantos. São infelizes coincidências da vida mas para estas pessoas em especial, como suas vidas não eram só mais uma entre as tantas entre a multidão, o foco no que faziam, produziam e consumiam é dado em lente de aumento.


A revista RollingStone versão alemã traz uma matéria interessantíssima sobre a “dança com o diabo” que era a vida pessoal de Amy com a imprensa. O artigo dizia coisas como querer sair do clichê e não se utilizar da morte dela para moralizar o discurso sobre drogas, mas que só pelo fato de estarem comentando sua morte já significava que estavam dentro do sistema que  justamente escreviam se opondo. Eles terminam o artigo dizendo o seguinte: “Não existe uma luta contra as drogas. É um jogo. Quando você para de vencer, ela ganha.”

Love is a losing game é um hino para mim. A voz da Amy me acompanhou durante tardes a fio no estágio. E agora sobramos nós com o curto legado da garota branca com voz de negra que falava com propriedade sobre as dores da mulher amargurada. E quem volta ao preto, ao luto, são os fãs como eu, que tinham a esperança de que a estrela de Amy voltasse ao colorido da vida sem abusos e sofrimentos. Mas o que podemos nós fazer pelos outros? E se ela quisesse mesmo morrer? Ou consumir drogas para aliviar um dor intensa na alma? Não de hoje que poetas, escritores e artístas em geral extravazam seus sentimentos no uso de substâncias “tóxicas”.

Se sua beleza e profundidade musical era dada sob esses efeitos, e se a vida dela assim teve que ser, que assim seja. Paremos de tentar encontrar respostas onde não há dúvidas. Só digo mais uma coisa: Espero que o céu seja open-bar!

4 comentários:

  1. Você quer um comentário? Vou-lhe dar um.
    Não importa o quão difícil e amargurada seja a dor sofrina na alma de um ser humano, sujeitar-se a entorpecentes é render-se as moléstias e devaneios que a todos torturam. De diferentes formas, concordo, mas cada um, dentro de sua jornada, deve dominar seus medos e vencer seus obstáculos. Ela não só usou a dor como uma forma de chamar atenção e criar riquezas, como afundou na própria luxuria. E hoje, jaz na terra.

    Na minha humilde opinião. Ela não soube vencer a vida.

    Apropósito, bacana o texto, apesar de discordar em certos pontos. Particularmente, achei essa frase muito bom: “Não existe uma luta contra as drogas. É um jogo. Quando você para de vencer, ela ganha.”

    Att.

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  2. Parabéns pelo texto. Livre de moralismo hipócrita e com a humanidade que uma figura do porte de Amy merece. Grande abraço.

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  3. Muito obrigada. É um absurdo mesmo ler o que muitos estão comentando. Uma pena.

    Volte sempre.

    Ah, acabei de ver seu blog, bommm hein?! rss

    abraços

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