3 de maio de 2011

#unchained-melody



O nome do post de hoje é o título daquela música tema principal do  Patrick Swayze  com a Demi Moore em Ghost, lembra? Dos anos noventa?
Então, eu gosto muito dessa música, mas como ela ficou registrada na memória de todos como trilha sonora de uma cena de amor, é difícil desvencilhar a conotação sexual que ela tem em nossas mentes.
Pois eu, relendo a letra após a Páscoa, fiquei pasmada como essa música se encaixa no perfil de alguém cantando a dor de ter perdido um ente para a morte.

Lonely rivers flow to the sea / To the sea / To the open arms of the sea , yeah / Lonely rivers sigh "wait for me" / Wait for me / I'll be coming home/ Wait for me”

Rios solitários correm para o mar / para o mar / Para os braços abertos do mar, yeah/ Rios solitários suspiram "espere por mim" / Espere por mim / Eu vou voltar para casa / Espere por mim " *

Na época da Páscoa, há 15 anos atrás, minha melhor amiga sofreu um acidente de carro. Eu sofri uma perda. Uma brusca mudança na minha vida aconteceu aquele ano.  Havia três pessoas na combe, só ela, após uma semana em coma, faleceu.

Eu queria morrer também. 
Tão pequena e já sentindo tamanha dor.
Meu primeiro e último velório. Não fui nem ver meu avô ser enterrado.
Trauma ou desapego, algum dia entenderei. Assim espero.

Ao ler “A Cabana” (YOUNG, William P., 2008) eu sabia que todas as lágrimas que de mim vazavam feito uma goteira em temporal, eram dedicadas à Rafaela. Só minha mãe sabe o quanto eu rezei naquela maldita semana pós-feriadão, pedindo e implorando pra quem quer que seja o receptor de nossas orações, que intercedesse e salvasse a minha melhor amiga no mundo inteiro.

Eu acho que até hoje eu carrego uma mágoa de criança mimada que não foi  atendida. Uma birra com os céus que não passou.

Muito me perguntei “por quê?”. A gente sempre acha em momentos como esses que é a pessoa que mais está sofrendo entre todos. Temos razão. Entre todos os egos que carregamos dentro de nós, um deles é o que mais sofre, um é o que mais chora, o outro mais ama, mais se emociona. Aliás, nem precisei terminar de escrever para ficar emocionada.

Amor de criança acredito que é puro e sem maldade. Eu perdi naquele outono um grande amor. Mas um dia, quem sabe um barqueiro não vai me levar até ela pelo rio solitário que desagua no mar?! É esperar para ver.


* Tradução livre minha.

3 comentários:

  1. Me arrepiei lendo teu texto...
    Tem pessoas substituíveis, mas outras, quando se vão, deixam aquele buraco na vida da gente, e aquela dor eterna né? Já perdi pessoas assim, e apesar de ter passado muito tempo, ainda dói como se fosse ontem...
    Beijos baby! Fica bem!

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  2. já eu acho que ninguém é substituível, mas uns queremos mais perto de nós do que outros. e é isso mesmo, o buraco fica. eterno.

    obrigada pelo carinho, bonita!

    beijos

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  3. O importante nesse momento é permitir que a vida congele, que salve como eterna as memórias de quem partiu, e assim criamos um poder, que sem dimensões e que permite que esse que partiu, jamais envelheça, jamais sofra, jamais viva a partir e voltar, mas que fique eternamente quardado na lembraça que é unica e qu eé só nossa. claro que isso a gente aprende só bem mais tarde.........

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