23 de junho de 2011

#amores-que-vem-e-não-vão



O título deveria ser que vem e vão, mas hoje vou falar sobre os relacionamentos germânicos e esses vem e ficam. Duram anos. Vidas.

Já desde cedo, na escola, se escolhe alguém  pra chamar de seu e não se separam mais. Ok, exagerei,  mas a realidade alemã, assim como em outros países europeus, é mais próxima deste exemplo do que dos nossos romances jorge amadianos no Brasil.  E não pense que, por começar na escola, os relacionamentos não são sérios. São e muito! É raro alguém, das meninas pelo menos, contar que a sua primeira transa foi com algum “ficante”. É sempre o namorado oficial o primeiro a explorar as matas nunca antes desbravadas (ai que brega!). Como o alemão não tem cultura de motel, aliás, nunca vi nenhum motel em lugar algum até agora – não que eu estivesse procurando – as relações sexuais acontecem dentro de casa, seguras, com total permissão dos pais e acompanhamento dos ginecologistas, como manda a cartilha. Gravidez na adolescência é raro, mas filhos – bebês – são adorados e muito necessários por aqui, claro, só depois da estabilidade financeira, anos de carreira, viagens pelo mundo e etc. O governo inclusive incentiva a natalidade, dando uma espécie de mesada por filho que o casal tiver, basta solicitar.

Aqui em Weingarten, cidade pequena que é, a maioria das minhas colegas namora. E se estão solteiras, algumas ficam bastante encasquitadas em conquistar alguém. Os namorados moram geralmente bem longe, e isso vale para os rapazes também. Cada um estuda em uma cidade e aos finais de semana eles se encontram na terra natal. Pelo que eu percebo, os alemães ficam solteiros por pouco tempo. Claro que esse povo também não é santo. Pra quem gosta de conhecer alguém em festas, bares, e só dar uns beijinhos e amassos, aqui não é bem assim. Se você beijar um alemão, a mensagem que você está mandando é “na minha casa ou na sua?”. É isso mesmo. Inclusive meu amigo que morou no Brasil me alertou  sobre isso, quando cheguei. Ficar pra eles é sinônimo de transar.

Já as mulheres se dividem entre as cortejadas e as atacantes. As cortejadas seguram o carinha pelo papo até o fim antes de baixar a guarda, muito provavelmente é namoro o resultado. As atacantes são as que dão fama às alemãs. Mulheres mais “macho” que muitos homens. Escolhem quem querem e vão para o bote, simples assim.  Uma amiga minha brasileira definiu o homem alemão como um “pau-mole”, conhece essa expressão? Ela diz que eles são muito lerdos, eu já discordei, digo que eles precisam de muita cerveja pra agir. Cada uma com suas experiências...


Ah,o povo alemão não é nada frio, como nós pensamos no Brasil. Acredite! Só não curtem demostrações explícitas de afeto em público, o que eu concordo. Nada pior do que estar no ônibus, com sono, sete da manhã à caminho da aula, e um casal estar se beijando na sua frente como se estivessem um desentupindo a garganta do outro. Me desculpe se você faz isso com seu namorado, mas essa é minha opinião (e de um país inteiro), o som é perturbador!

Os casais que eu conheço aqui são muito cúmplices e não há ciúmes nas relações. Cada um sai quando e com quem quer. Não se abandona amigos e amigas por conta de um namoro. Acho que é esse o segredo que mantém as relações tão duradouras. Existe amizade verdadeira entre homens e mulheres sem outras conotações, outro ponto positivo. Mas é claro que existem os solteirões convictos, as ciumentas doentes, os sexos casuais, as traições – muitas até. Tudo que eu relato aqui é o que eu vejo, e as histórias que me contam, de amigas que já moraram na Alemanha e das colegas alemãs. Não se pode generalizar o comportmento de povo algum, muito menos um dos maiores da europa, ou do Brasil, que é do tamanho de um continente! Mas que o nosso jeito de namorar (se é que você me entende), faz falta de vez em quando, isso faz.

Eu não falei nada sobre os relacionamentos homoafetivos porque infelizmente não conheço nenhum gay aqui. Mas das vezes que fui pra Munique e Stuttgart vi bastante casais gays, nas ruas, nos bares, nos parques, nesse quesito a intolerância é zero por aqui. Gays podem casar, adotar filhos, e se forem vítimas de preconceito a legislação está totalmente ao lado deles. A Alemanha é muito moderna e está anos luz em vários assuntos que nós ainda estamos começando a debater. Talvez culpa do passado tenebroso, hoje eles prezam pela justiça.

Para terminar fica aqui meu pensamento sobre as relações humanas: viajamos pelo mundo para entendê-las, mas só as deciframos quando abrimos nosso coração para nós mesmos.

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