13 de agosto de 2011

#berlim

Sabe quando você se sente fazendo parte do mundo? Eu vi a vida acontecer por quatro dias diante dos meus olhos. Viajei para Berlim.

Não tem como não se apaixonar por Berlim. Muito parecida com Londres e um pouco de Amsterdam, por conta dos trens, metrôs normais e de superfície, gente do mundo inteiro, falando várias línguas, museus, memoriais, esculturas em lugares inesperados e feiras das mais diversas. A pior parte? Ter que voltar para casa.

Berlim é uma atração completa. Não só por ter o parlamento e toda a parte político-burocrática da Alemanha, como ministérios e consulados, mas por conter em seus espaços a história viva desse país europeu. A cada marco, memorial, um pedaço de uma história recheada de guerras, conflitos e muito sofrimento popular é contada. Mas também exibem muita força e união que tiveram os alemães para se reerguerem das cinzas e dos escombros.

Só Berlim sozinha (pois existe um perímetro chamado grande Berlim) tem 3,4 milhões de habitantes, das mais variadas nacionalidades. Penso que somados aos turistas, tenha mais alguns mils. Cafés simpáticos, gente perdida com mapa nas mãos, artistas de rua tentando ganhar o seu, trânsito caótico em dia de chuva, e mais tantos elementos que juntos montam o perfil de uma grande cidade estão por toda parte.


Fiquei muito emocionada em vários momentos e não teve jeito de conter as lágrimas ao ver fotos e documentações sobre a segunda guerra mundial. Logo depois que se cruza o portão de Brandemburgo (esse da foto), caminhando à esquerda, se chega ao memorial em homenagem aos judeus assassinados por toda a europa. Os dados são arrepiantes. Os números estarrecedores. Até na Grécia morreram judeus vítimas do nazismo. A cada depoimento de um sobrevivente meus olhos se inundavam e eu me perguntava: como é que isso pôde um dia acontecer? Pior, como ainda acontecem atrocidades pelo mundo e não fazemos nada a respeito! Em outro memorial eles agradeciam aos heróis silenciosos. Os alemães que ajudaram a manter vivos e escondidos judeus por toda Alemanha durante o longo período das trevas. Até mesmo a lista de Schindler está lá.

Por praticamente toda a cidade há marcas no chão por onde passava o muro de Berlim, que dividiu por 28 anos a Alemanha entre capitalistas e socialistas.  Hoje, 13 de agosto, (não)se comemora os 50 anos da construção do muro, que felizmente já não tem mais o mesmo papel. Muitas foram as pessoas assassinadas por tentarem cruzar a divisirória e ir para o outro lado. Em um dos memoriais do muro (o mais oficial) eles mostram com fotos como foi que deu-se naquele bairro a passagem do blocão de concreto, dividindo um cemitério ao meio! Pode-se subir em uma torre e visualizar com bastante clareza as marcas da imbecilidade humana. Eu diria que o muro, hoje, é uma grande instalação artística, permeando vários pontos da Berlim turística. Uma obra de arte fundada nos anos de guerra fria e do terror de ter que ser isso ou aquilo por conta de onde você morava e dos políticos que comandavam sua região.

Berlim é isso. Arte moderna nas galerias, pinturas do passado nos museus, e memoriais que não deixam ninguém esquecer, seja turista do mundo, seja turista alemão, o que foi esse país um dia. Uma gente misturada, de todas as cores  e estilos. Construções grandiosas e imponentes exibem uma potência que na verdade ainda tenta compreender porquê o machucado resiste em não sarar.

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